Pouco passava das 8h 30 da noite e estava na sala a ver televisão.
O programa não era interessante, era um suposto engenheiro supostamente intitulado de primeiro-ministro a falar, a falar, a falar, a palrar, a palrar, quando de repente acordo sobressaltado com o toque da campainha da porta.
Pergunto quem é, respondem-me com um sotaque estrangeiro algo que não entendi. Disseram FMI mais qualquer coisa que não percebi. Pensei eu, malditos romenos sempre a pedir, só sabem andar a pedir e a viver às custas dos outros.
Não dou nada seus parasitas, gritei.
Não ouvi mais nenhum barulho. Já foram, pensei, mas mesmo assim espreitei pelo binóculo da porta.
Não vi ninguém, só vi uma coisa pousada no chão que me parecia ser um saco.
Timidamente abri a porta. Era mesmo um saco, um grande saco. Olhei para ver se estava alguém, ninguém. Aproximei-me cuidadosamente do saco e abri-o.
Estava cheio de moedas de um cêntimo. Incrédulo, tornei a olhar para o corredor, continuava sozinho. Tornei a olhar para as moedas. Certamente que estava ali muito dinheiro, milhares de euros, não, muitíssimo mais, milhões, não, muito muito mais. Oitenta, sim, deviam ser oitenta mil milhões de euros.
Peguei no saco com muito cuidado para não o rasgar com o peso e levei-o para a sala.
A televisão ligada agora estava a dar anúncios, qualquer coisa de crédito, Cetelem ou coisa parecida. Desliguei-a, quem precisa de dinheiro?!.
Sentei-me e comecei a contar, um cêntimo, dois cêntimos, três cêntimos, quatro cêntimos, cinco cêntimos..., contei, contei e contei. Já ia no setenta e nove mil, novecentos e noventa e nove milhões, novecentos e noventa e nove mil, novecentos e noventa e nove euros e noventa e nove cêntimos, quando de repente... acordo.
Ainda com os olhos meio fechados, percebo que não tenho saco nenhum na sala, desligo a televisão e fui-me deitar, mas passei primeiro pela porta, não fosse lá estar algo. . .
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