terça-feira, 31 de maio de 2011

As novidades das novas Novas Oportunidades


Lembram-se daquele senhor que concluiu a licenciatura num domingo? 
Fiquem então a saber que esse mesmo senhor agora está a frequentar as Novas Oportunidades.
Iniciou o curso no dia 22 de Maio. 
O programa lectivo (eleitoral) é composto por aulas diárias até 03 de Junho. 
Neste novo curso das Novas Oportunidades foram introduzidas algumas,  mas pequenas, alterações.
Desde logo, para ajuizar da categoria do oportunista (é assim que se chama ao aluno da iniciativa Novas Oportunidades) recrutaram-se dos melhores avaliadores que por aí existem, cerca de 9 milhões, para que a avaliação seja a mais ampla possível. 
Como não era possível reuni-los todos num só anfiteatro, foram criteriosamente espalhados por Portugal continental e ilhas (exceptuando-se as Berlengas, aí continuam só as gaivotas).   

O oportunista durante o curso vai então percorrer o país de encontro ao seus avaliadores, e explanar a sua sapiência. 

Uma outra alteração é a possibilidade, caso o oportunista assim queira, de haver mais pessoas a deitar faladura para os avaliadores enquanto o oportunista não exibe a sua sapiência. Nas Novas Oportunidades estas pessoas são designadas por BOYS.

Os avaliadores exercem a sua actividade em qualquer lado e em qualquer altura do dia ou da noite. Tanto podem estar numa rua, como num café, num pavilhão. Um local muito na moda para os avaliadores são as feiras. 

Outra alteração relativamente aos avaliadores, é não terem de estar à espera que o oportunista chegue ao fim da sua dissertação. A qualquer momento podem interromper, não para fazer perguntas, mas sim para baterem palmas caso achem que foi dito algo de muito importante, ou se não acharem podem (e devem) bater palmas na mesma.

Não há qualquer tipo de incompatibilidade se forem entregues aos avaliadores umas bandeiras ou chapéus, devendo estes abaná-los, sempre  que o oportunista parar a sua faladura para beber um copo de água, ou se as televisões estiverem a transmitir a faladura em directo. Um pormenor fundamental, não importa que as bandeiras tapem o oportunista a falar quando as televisões estiverem em directo, até é recomendável.


Novamente, coincidência ou não, também vai concluir o curso num domingo, o dia 5 de Junho, mas parece-me que desta vez vai chumbar.

Por achar este post muito importante mostrei-o ,antes de o publicar, a dois amigos meus. 
Um deles disse logo e de forma espontânea, " Porreiro pá ", o outro, disse algo no género que falta de originalidade. 
Fiquei sem saber se se estava a referir ao post ou ao primeiro comentário.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Quando o telefone toca

Estava a ressonar muito bem perdão, a dormir muito bem, quando começo a ouvir ao longe o telefone a tocar (não era bem ao longe, pois tenho o telefone na mesinha de cabeceira).
Resolvi não atender, pois às 3 da manhã de certeza que não é nada de importante, tipo sondagens, Zon tv cabo ou coisa parecida. Virei-me para o lado, aconcheguei-me à minha querida marida e voltei a ressonar, perdão a dormir.
Passados não sei quantos segundos tocou outra vez o telefone.
É melhor atender, ainda acorda a minha querida marida toda chateada a resmungar que estou a ressonar cada vez mais alto.
- Tou? disse eu.
- Olha pá, estamos a acabar o plano de austeridade, mas estamos com algumas dúvidas e queríamos a tua opinião. Achas que entre 75 e 80 mil milhões chega?
- ? ? ? ? - disse eu (não sei como consegui dizer os pontos de interrogações). Deixe-me pensar um instante.                          . Se calhar...  se calhar não, certamente que o meio termo é o melhor. 78 mil milhões.
- 78!!! disse ele espantado. Mas o meio seria 77,5 e não 78.
- Não percebe nada. disse eu com um voz acirrada, mas baixa para não acordar a minha querida marida. Vem para cá à três semanas e acha que já sabe muito deste país. Está-se a esquecer das cunhas, comissões, sacos azuis e afins. Os 0,5 mil milhões devem chegar para isso senão, renegoceia-se.
- Tens razão, disse ele com uma voz subjugada. Quanto a medidas, alguma sugestão?
- Simples. Mandas vender o BPN, nem que seja por três rebuçados sem açúcar, dizes que nem queres ouvir falar em TGVs e aeroportos em Lisboa. Manténs os subsídios de férias e Natal. As reformas mais baixas não as baixas mais, as reformas mais altas não as sobes mais. Em cada fronteira pões uma tabuleta luminosa (para se ver bem, até à noite) " Em saldo". 
- Ó Dominique, concordo com tudo, mas essa da tabuleta luminosa não gostei. A electricidade que se iria gastar e a conta da luz. Bem que não chegavam os 78 mil milhões só para pagar a factura eléctrica...
- Mas eu não me chamo Dominique. disse-lhe.
- ?! Não estou a falar com Dominique Strauss-Kahn, presidente do FMI?
- Não.
Por breves instantes ouvi um silêncio aterrorizador até que, com uma voz trémula, ele disse:
- desculpe, foi engano.