quarta-feira, 3 de julho de 2013

Naquela rua todos eram honestos


Naquela rua daquela cidade, todas as pessoas eram honestas.
Uns conseguiam ser mais que outros, por isso, havia um morador que passava os dias atormentado por não conseguir pagar a conta da mercearia.
Gaspar, era o nome desse senhor, estava desesperado, já tinha proibido a família de ir à mercearia comprar o supérfluo e gastar o que não tinha. 
Família ingrata que não acatava as decisões do pai.
Um dia estava a descer paulatinamente a rua, quando alguém lhe toca no ombro. Era o Durão, um antigo vizinho que há alguns anos emigrou quando também tinha passado por alguns apertos. Foi uma tarde de conversa e do renascer da esperança para o Gaspar.
Gaspar tinha tomado uma decisão. Tal como o seu antigo vizinho Durão, ia emigrar e esperar que a mesma sorte o acompanha-se.
Informou a família e foi-se.
Mas com a ida do pai, outros problemas surgiram e os dias sossegados daquela rua definitivamente acabaram.
Gaspar tinha uma filha muito vistosa que os rapazes daquela rua sempre que podiam deitavam o olho. Por isso, raras vezes o pai Gaspar a deixava sair de casa, mas agora sem o progenitor, a Maria Luís abandonou essa forçada clausura e embriagada pela liberdade passeava exuberantemente pela rua.
Rapidamente passou a ser o centro de todas as atenções por parte de certos rapazes. Havia um, especialmente um, que ficou hipnotizado por ela. Era o Pedro, mas poucos o tratavam pelo primeiro nome, na rua era conhecido por Coelho.
Com os olhos só postos na Maria Luís, o Coelho rapidamente afastou-se dos seus amigos. No início os amigos pensavam que seria um deslumbramento temporário, próprio da imaturidade da idade, ou da novidade, mas não.
Um dia, o ardina da rua, o José Seguro, viu que o Coelho estava a trotear uma ária à Maria Luís. Viu aí uma oportunidade de se vingar do Coelho, por causa dumas desavenças antigas. 
Pousou os jornais que ainda tinha para vender e foi logo a correr contar o que viu, e o que não viu ao Paulo. O Paulo (a quem tinham posto o apelido de Portas por causa de uma porta de vidro que não viu e partiu) era uns dos amigos do Coelho, mais um dos que tinham sido posto de parte.
O Paulo ficou na dúvida se valia a pena ir, mas como era o Pedro a cantar uma ária, resolveu ir.
Quando lá chegou, ainda ouviu por alguns instantes a ária, mas de imediato expressou o desagrado pela má interpretação do Pedro.
Escusado será dizer que a discussão foi imediata e bastante azeda. Foi uma discussão nunca foi vista naquela rua. Inclusive tiveram de chamar a GNR.
Rapidamente lá chegou o cabo Aníbal, homem já com muita experiência, pronto a acabar com a zaragata.

O resto da história não o posso contar, nem quero.
Do local onde estava não conseguia ver o que se passou a seguir e quem me contou o que se passou, que me perdoem, mas é um aldrabão de todo o tamanho.

4 comentários:

  1. Li a couve. Deliciei-me com a couve. Mas fiquei na dúvida, se eles eram mesmo todos honestos. Acho que politica e honestidade é como água e azeite, por mais que tentemos, nunca se misturam.

    PS: E nem uma fotografiazinha a ilustrar esta bela couve?
    Acho mal. Acho muito mal.

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  2. Remus: fotografia? Melhor do que esta não há: http://www.pontosdevistas.net/pv/index.php?showimage=1921

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  3. Se não se tratasse de uma tragédia, era uma delícia, caro QUESTIUNCAS,


    Um abraço.

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