Naquela rua daquela cidade, todas
as pessoas eram honestas.
Uns conseguiam ser mais que
outros, por isso, havia um morador que passava os dias atormentado por não
conseguir pagar a conta da mercearia.
Gaspar, era o nome desse senhor,
estava desesperado, já tinha proibido a família de ir à mercearia comprar o
supérfluo e gastar o que não tinha.
Família ingrata que não acatava as decisões
do pai.
Um dia estava a descer
paulatinamente a rua, quando alguém lhe toca no ombro. Era o Durão, um antigo
vizinho que há alguns anos emigrou quando também tinha passado por alguns
apertos. Foi uma tarde de conversa e do renascer da esperança para o Gaspar.
Gaspar tinha tomado uma decisão.
Tal como o seu antigo vizinho Durão, ia emigrar e esperar que a mesma sorte o acompanha-se.
Informou a família e foi-se.
Mas com a ida do pai, outros
problemas surgiram e os dias sossegados daquela rua definitivamente acabaram.
Gaspar tinha uma filha muito
vistosa que os rapazes daquela rua sempre que podiam deitavam o olho. Por isso,
raras vezes o pai Gaspar a deixava sair de casa, mas agora sem o progenitor, a
Maria Luís abandonou essa forçada clausura e embriagada pela liberdade passeava
exuberantemente pela rua.
Rapidamente passou a ser o centro
de todas as atenções por parte de certos rapazes. Havia um, especialmente
um, que ficou hipnotizado por ela. Era o Pedro, mas poucos o tratavam pelo
primeiro nome, na rua era conhecido por Coelho.
Com os olhos só postos na Maria
Luís, o Coelho rapidamente afastou-se dos seus amigos. No início os
amigos pensavam que seria um deslumbramento temporário, próprio da imaturidade
da idade, ou da novidade, mas não.
Um dia, o ardina da rua, o José
Seguro, viu que o Coelho estava a trotear uma ária à Maria Luís. Viu aí uma
oportunidade de se vingar do Coelho, por causa dumas desavenças antigas.
Pousou
os jornais que ainda tinha para vender e foi logo a correr contar o que viu, e
o que não viu ao Paulo. O Paulo (a quem tinham posto o apelido de Portas por
causa de uma porta de vidro que não viu e partiu) era uns dos amigos do
Coelho, mais um dos que tinham sido posto de parte.
O Paulo ficou na dúvida se valia
a pena ir, mas como era o Pedro a cantar uma ária, resolveu ir.
Quando lá chegou, ainda ouviu por
alguns instantes a ária, mas de imediato expressou o desagrado pela má
interpretação do Pedro.
Escusado será dizer que a discussão
foi imediata e bastante azeda. Foi uma discussão nunca foi vista naquela rua. Inclusive
tiveram de chamar a GNR.
Rapidamente lá chegou o cabo Aníbal,
homem já com muita experiência, pronto a acabar com a zaragata.
O resto da história não o posso
contar, nem quero.
Do local onde estava não
conseguia ver o que se passou a seguir e quem me contou o que se passou, que me
perdoem, mas é um aldrabão de todo o tamanho.
Li a couve. Deliciei-me com a couve. Mas fiquei na dúvida, se eles eram mesmo todos honestos. Acho que politica e honestidade é como água e azeite, por mais que tentemos, nunca se misturam.
ResponderEliminarPS: E nem uma fotografiazinha a ilustrar esta bela couve?
Acho mal. Acho muito mal.
Remus: fotografia? Melhor do que esta não há: http://www.pontosdevistas.net/pv/index.php?showimage=1921
ResponderEliminarO verdadeiro retrato. Muito bom
ResponderEliminarSe não se tratasse de uma tragédia, era uma delícia, caro QUESTIUNCAS,
ResponderEliminarUm abraço.